É possível produzir sem agredir e alimentar sem devastar. A natureza tem as respostas que procuramos, o nosso papel é encontrá-las.

A POPULARIZAÇÃO DA ENERGIA SOLAR: UMA REALIDADE NÃO MUITO DISTANTE

A POPULARIZAÇÃO DA ENERGIA SOLAR:
UMA REALIDADE NÃO MUITO DISTANTE

Prédio conceito "Vent-Skin" renderizado. Em concepção é coberto
por placas orgânicas e possui sistemas de captação de energia eólica.

Nesta ultima quarta-feira esteve em casa o técnico de manutenção do aquecedor solar. Como existe certa instabilidade no abastecimento de energia elétrica na região, comecei a planejar um recurso de contingência, uma bateria que pudesse armazenar a energia excedente. Tirei algumas duvidas com o técnico, e, bem... não era exatamente o que eu imaginava. O meu raciocínio era simples: o receptor solar fica o dia inteiro exposto ao Sol, com certeza uma parte da energia destinada ao aquecimento da água é dispersa no ambiente pela troca de calor entre a água e o meio externo; então deveria existir alguma forma de armazenar esta energia excedente em uma bateria e, caso faltasse luz, teríamos um pouco de energia disponível para uso convencional em algum ponto especifico da casa. Acabei descobrindo que a placa que eu tenho só permite aquecimento direto da água. Na verdade o sistema desenvolvido de aquecimento de água é similar ao processo de aquecimento da água de uma mangueira exposta ao sol, como explicou o técnico, que capta diretamente calor do sol, aquecendo a água. As placas otimizam a absorção do calor e sua transferência para os tubos de água que passam debaixo da placa. Acabei vislumbrando um sistema de conversão alternativo, para transformar o calor em energia seria preciso através do próprio vapor da água acionar algum sistema mecânico de rotação que permitisse a magnetização de uma bobina que por sua vez alimentaria uma bateria, similar ao sistema do carro, pouco usual neste caso.



A primeira vez que me deparei com um sistema de captação de energia solar fotovoltaico, que efetivamente transforma luz solar em energia elétrica, foi em uma viagem no feriado de carnaval de 2007 para uma das ilhas no município de Parati, no estado do Rio de Janeiro. Como não havia energia elétrica na ilha, a prefeitura local instalou pilares que ao alto possuem placas de captação de luz solar e conversão em energia. Eram pequenas placas que de certa forma possuíam a capacidade adequada de conversão, com um sistema simples de ligação direta em uma bateria de carro de 54 A.h., com capacidade para cerca de duas horas de energia ou aproximadamente 500 watts de consumo, suficiente para o consumo de 4 pessoas em um dia de férias.

A utilização de sistemas como este descrito é bastante comum em países na Europa ou no Japão. São regiões em que não apenas a preocupação com o meio-ambiente é maior, mas também o recurso energia é mais escasso, portanto a despesa com a conta de luz é maior. Nestes países o retorno do capital investido em sistema fotovoltaico ocorre em cerca de três anos. Ainda não fechei a conta de consumo em casa, mas estou disponibilizando uma tabela com padrões de consumo e um simulador para que o leitor possa fazer as contas, e pelo que encontrei nas pesquisas calculo que no Brasil o período de retorno no investimento ultrapasse 10 anos, um horizonte que por si só já inviabiliza qualquer investimento pessoal. Isto ocorre por três razões básicas. A primeira devido ao custo elevado das placas, mais do que o dobro se convertemos o Euro em Reais. Segunda, a nossa conta de luz é bem inferior se comparada a conta de um morador em Tóquio. E terceiro devido à utilização emergente das Smarts Grids – comentadas na matéria anterior - que permitem “devolver” a energia excedente.

As placas conversoras de luz são produzidas do Silício, a mesma matéria prima dos processadores de computadores, um material caro e de difícil extração do meio natural. E é aí que entre em cena a boa notícia! Estudos baseados no princípio da fotossíntese das plantas permitiram o desenvolvimento de placas fotovoltaicas a partir de cascas de frutas, verduras e legumes. O sintetização de corantes naturais existentes na casca de vegetais permitiram a substituição do silício na produção das novas placas conversoras. As placas “orgânicas”, além de mais leves e menores, não absorvem apenas o raio do sol, como ocorre na placa convencional, mas também são capazes de converter a claridade em energia, como na fotossíntese, ou seja, faça chuva ou faça sol será possível captar energia todos os dias.

Podemos comparar alguns números para dar um pouco mais de consistência ao tema. O preço das placas hoje é de aproximadamente R$ 14,00 por watt de capacidade (para placas com capacidade superior a 100 watt). A perspectiva é que a nova tecnologia permita a redução do preço para cerca de R$ 6,00 o watt de capacidade para placas importadas, o que reduziria o prazo de retorno do investimento. Com o tempo a produção em escala e a entrada de novos competidores deverão reduzir ainda mais esses números, mudando completamente o cenário no país. Mas por enquanto só compensa mesmo a utilização destes sistemas em locais de difícil acesso, aonde não chega à rede convencional de energia elétrica.

Eu acredito na idéia que a natureza por si só deixou tudo pronto para sermos auto-suficientes, sem afetar o meio em que vivemos. Também acredito na abundancia e não na escassez de recursos. Trata-se de uma questão de aprender a enxergar o funcionamento da vida de outra perspectiva. Trata-se em observar e copiar a natureza que, ao menos que o homem não destrua, prolifera e esbanja beleza e vitalidade.

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