O PAPEL FEITO DO BAGAÇO DA CANA

O PAPEL FEITO DO
BAGAÇO DA CANA

   Há alguns meses recebi a ligação de uma moça perguntando se eu era do departamento de compras. Ela comentou que trabalhava com um papel especial feito do bagaço da cana. Achei aquilo fantástico! Enquanto eu pesquisava as métricas do FSC para reduzir o desmatamento, ou instituir práticas “conscientes” de desmatamento, descobri que alguém já deu um passo muito maior, e inventou o papel feito do bagaço da cana. Curioso, eu entrei em contato com a empresa conversei um pouco com o Diretor da unidade de São Paulo, e marcamos um dia para conversar com mais calma.

   São duas unidades no Brasil. Uma em São Paulo e outra em Santa Catarina, posição estratégica o desembaraço do produto. Fabricado na Argentina, o papel tem maior parte de matéria prima proveniente de usinas de álcool e açúcar de produtores brasileiros.
   No website da empresa ( http://www.gcepapeis.com.br/) o leitor encontrará um rico material informativo sobre o Ecoquality, por enquanto o único produto da empresa, envolvendo todo o seu processo fabricação. Além de o papel ser feito apenas do bagaço da cana, sem uso de outro recurso natural, em seu processo de fabricação são utilizados menores quantidades de produtos químicos, o que significa menos dejetos sólidos no meio ambiente. O uso do bagaço também permite um melhor aproveitamento do material que muitas vezes é queimado pelos próprios produtores como fonte de combustível. “Vender” o bagaço, ou simplesmente não precisar pagar para removê-lo, pode ser mais vantajoso do que queimá-lo como fonte de energia.
   Com o recém avanço da indústria alcooleira não faltará matéria prima para a produção do papel, o que torna os custos de manejo e produção mais baratos se comparados aos do papel convencional. O papel feito do bagaço da cana já foi testado para a fabricação de diversos tipos de papeis sejam eles para impressão (a mais popular), escrita, embalagem (em gramaturas maiores) ou desenho. Trata-se também de um produto 100% reciclável. Falando em reciclável o Ecoquality é mais barato do que o papal reciclado.

“Trabalhamos com um produto diferenciado, que se vende sozinho” comentou o Guilherme, diretor Comercial da unidade de São Paulo, que estava feliz da vida por ter atingido a meta do primeiro semestre, ainda no mês de março. “Estamos crescendo rápido, mas organizados. Por enquanto não temos interesse em popularizar o produto concorrendo, por exemplo, com marcas como CHAMEX ou REPASA, em grandes magazines”. Apesar de justificar o posicionamento diferenciado do produto, Guilherme não deixou de expressar o descontentamento com os grandes magazines pela forma como conduzem as negociações e por não reconhecerem a peculiaridade do produto. Por enquanto a venda direta se mostra eficaz. “Estamos fechando contratos com grandes empresas por preços bem competitivos” destacando o atendimento diferenciado voltado para o mercado B2B, estratégia que elimina o papel do intermediário e permite um preço mais competitivo.