É possível produzir sem agredir e alimentar sem devastar. A natureza tem as respostas que procuramos, o nosso papel é encontrá-las.

A REVOLUÇÃO DA MATRIZ ENERGÉTICA

A REVOLUÇÃO DA
MATRIZ ENERGÉTICA


O Mundo está mudando mais rápido do que parece, mais do que mudava há cinco anos. A cada passo que a tecnologia avança são formadas novas áreas do conhecimento, novas funções dentro das empresas, matérias nas escolas, e papéis na sociedade. Imagine que há cinco anos poucas empresas tinham sites na Internet, e quando tinham eram sistemas estáticos com a finalidade meramente informativa. Dois ou três anos depois, até as pequenas empresas estruturaram seu espaço na Internet como uma ferramenta dinâmica de comunicação para contato direto com o cliente. É comum também micro e pequenos empresários investirem em websites e na divulgação da empresa pela Internet. Hoje o registro do domínio na internet é criado junto com o CNPJ. Imagine que um micro empresário que fabrica máquinas especiais, sediado no interior do estado do Ceará, poderá vender seu produto em todo o país se tiver seu produto divulgado na Internet. E ainda, se lembrar de traduzir o site nas versões inglês e espanhol, o micro empresário poderá vender para o mundo inteiro, desde que exista demanda para o seu produto. Este é apenas um pequeno episódio de como a rede mudou a vida das empresas e das pessoas em apenas cinco anos. Novas oportunidades surgiram, o comercio deixou de ser local e ganhou perfil.

Uma nova rede está para entrar no ar. Juto aos investimentos ligados a mudança da matriz energética o setor de energia está recebendo um up grade em sua infra-estrutura. A rede de energia elétrica deixará de transportar apenas impulsos e passará também a transmitir informação. Alguns projetos pilotos ao redor do planeta já iniciaram a mudança. Nos Estados Unidos a smart grid city pioneira fica na região do colorado na cidade de Boulder, um projeto liderado pela empresa Excel Energy. No Brasil quem lidera o projeto é o município de Sete Lagoas, no estado de Minas Gerais,a cerca de 70 quilômetros da capital mineira, em uma iniciativa que une o estado a Cemig, antiga estatal.

O leitor já deve ter ouvido falar, ou viu em algum lugar, uma geladeira conectada na Internet, certo?
 A diferença é que com esta nova tecnologia a própria tomada permitirá a conexão da geladeira ou de qualquer outro eletrodoméstico em uma rede de transmissão de dados, isto sim é novidade! Bom, pelo menos pra mim certo!? E talvez para o leitor também... Será que as empresas de energia também poderão um dia avançar no setor de telecomunicações? Um pouco distante da realidade e difícil prever. Talvez hoje a transmissão de dados possua limitações, mas o que deverá acontecer nos próximos anos?

A verdade é que ambos, transmissão de energia e comunicação, passarão a convergir. Pela internet, seja pelo seu computador ou por qualquer dispositivo conectado, será possível acessar um sistema de gerenciamento pessoal de consumo de energia e selecionar os meios ou procedência da energia que consumida. Por exemplo: hoje em nossa casa, no local de trabalho ou no consumo diário poderíamos ter basicamente energia proveniente de 5 fontes 1) Hídrica; 2) Solar; 3) Por combustão ou termoelétrica (carvão, álcool, gasolina ou gás natural); 4) Eólica e; 5)Nuclear; outras fontes menos populares podem ser citadas como energia geotérmica ou maremotriz, pouco difundidas . O Brasil é privilegiado em recursos hídricos. Nossas hidrelétricas são responsáveis por até 95% da energia elétrica gerada no país, o que representa cerca de 40% de toda a energia consumida. Porém o recurso é limitado. Hoje grande parte dos rios com potencial hídrico se localiza em áreas de preservação, e antes de qualquer novo projeto também será considerado o impacto de novas represas no meio-ambiente, o mundo todo está de olho nisso.

Ao redor do planeta a realidade é outra. Na Ásia, por exemplo, cerca de 49% de toda energia gerada é proveniente do carvão, quando somada ao petróleo totalizam 87%. Na Europa Ocidental carvão e petróleo somam 68% de toda a energia gerada. Na America do Norte chega a 63%, porem, trata-se do continente com maior consumo de energia, que chega a ser 33% superior ao consumo de todo o continente asiático.

Nos últimos 15 anos o aumento no consumo de energia no planeta foi de 35%. Estima-se um crescimento populacional de 50% para os próximos 50 anos, o que representa um salto de 6 para 9 Bilhões de habitantes. O fenômeno acontece até em locais aonde o crescimento da população não é significativo, ou seja, não está apenas ligado ao crescimento populacional. À medida que cidades se desenvolvem, novas tecnologias são lançadas, cresce a dependência e o aumenta o consumo de energia. Se lembrarmos que os carros do futuro também serão movidos por energia elétrica... é difícil acreditar que teremos fôlego para atender toda esta demanda. Mas, tudo isso tem um lado positivo. Acredito que, graças a esse cenário, em alguns anos teremos acesso a energia gerada por usinas solares ou eólicas. São recursos disponíveis na natureza e não afetam o meio ambiente. Enquanto novas fontes de energia estão sendo desenvolvidas as smart grids nos permitirão configurar o perfil do consumo de energia. O que significa, em outras palavra, definir com qual fonte de energia devo aquecer a água do chuveiro ou a ligar televisão.

Ao mesmo tempo em que o consumidor se transforma e passa realizar o uso consciente de energia, fontes sujas serão sobretaxadas devido ao dano causado ao meio ambiente e aos custos do reparo. O aumento na demanda por energia limpa tornará o setor atrativo a novos entrantes ao redor do planeta. Surgirá também espaço para adição de serviços de valor agregado junto ao fornecimento de energia elétrica. Atualmente o sistema sozinho já é capaz de identificar falhas na transmissão e disparar alertas para a central. Medidores, controladores, sensores e atuadores podem ser instalados em toda rede, o que permite o reparo remoto em alguns casos, em outros deverá ser acionada a equipe de manutenção. Você já pensou em receber SMS de fornecedores de energia do tipo “o seu veiculo está carregado” ou “seu consumo de energia excedeu a meta mensal”?

A mudança também deve afetar o perfil dos competidores no mercado. Enquanto gigantes da energia se posicionam para atender a demanda por energia limpa, projetistas desenham a redução de custos para a produção de energia solar ou eólica, duas novas modalidades que estão abrindo novas frentes. Imagine que o leitor também poderá ter em sua residência o armazenamento da produção excedente de energia solar de forma que possa ser compartilhada. Haverá espaço para pequenos competidores e será em maior escala as residências que produzirão sua própria energia. Poderemos também investir em conjunto com nossos visinhos (ou uma comunidade local) em infra-estrutura para a geração de energia elétrica, reduzindo custos e reduzindo a disparidade no abastecimento do recurso. Incrível não é? O fato só será possível porque a smart grid tem duplo sentido, ou seja, a energia entra e sai também. Ao que tudo indica, no futuro, se eu estiver com energia armazenada sobrando e alguém na vizinhança precisar, eu poderei devolver energia para a rede o que significaria créditos em minha conta de luz. Exatamente! Como se eu estivesse vendendo energia para o visinho através de um intermediário.

O fato só torna o setor mais atrativo. Desenvolver e baratear sistemas independentes de geração de energia poderá ser bom negócio nos próximos anos. A rede inteligente irá permitir optar pelo consumo de energia limpa e reduzir gradualmente o consumo de energia suja, o que irá acelerar as mudanças previstas para o setor. Toda essa tecnologia, já bem avançada na Europa e nos Estados Unidos, no Brasil ainda é assunto para filme de ficção cientifica. A mudança envolve uma maior participação do governo do que do setor privado, a iniciativa deve surgir de ambas as partes. Incentivar a implementação de smart grids é acelerar o processo de substituição da matriz energética. Em breve também precisaremos da atualização nas redes de transmissão de energia do nosso país, e também precisaremos repensar o atual modelo de distribuição. Assim manteremos a nossa agenda em dia com o planeta.


Abaixo publiquei dois vídeos. O primeiro rico em projeção de infra-estrutura, o segundo trata-se de uma propagada, mas muito interessante. Vale a apena conferir.






Mais detalhes sobre o Smart Grids, acesse http://www.redeinteligente.com/

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