É possível produzir sem agredir e alimentar sem devastar. A natureza tem as respostas que procuramos, o nosso papel é encontrá-las.

O NEGÓCIO QUE VEIO DO LIXO

O NEGÓCIO QUE VEIO DO LIXO
ENTENDA COMO O A RECICLAGEM IRÁ COMPOR A CADEIA DE SUPRIMENTOS NOS PRÓXIMOS ANOS.


Quase tudo o que consumimos gera lixo, sejam produtos perecíveis, sejam bens de consumo. O sistema de coleta para o lixo de alimentos e bebidas é disponibilizado pelas grandes redes de supermercados e algumas prefeituras municipais. Este lixo diário que geramos representa o maior volume de todo o lixo, e é composto basicamente por plásticos, metais, papéis e lixo orgânico. Com o sistema de coleta praticamente montado, falta ainda consciência do consumidor final, falta informação na ponta. Mas quem leva esta informação para o consumidor? Não se trata de um serviço adicional ligado a indústria? O que as pessoas não entenderam ainda é que a a destinação dos despejos é um pedaço do processo produtivo. Mas não basta a consciência das pessoas para impulsionar ações positivas, a final não é de cultura apenas que vive uma economia. Tudo começa quando alguém vislumbra um novo negócio, uma forma de aproveitar uma sucata qualquer e, além de recolher o que seria despejado no meio ambiente, descobre uma forma de transformar aquela sucata em dinheiro.
    Para explicar meu ponto de vista tomamos primeiramente exemplos convencionais como ao o exemplo das latas de alumínio; o metal é o mais fácil de ser reciclado praticamente sem perda de sua característica original. Um segundo exemplo que esta se tornando popular é a utilização de garrafas Pet na produção de fios, tecidos e vestuário; com uma simples preparação, as garrafas viram matéria prima para posterior extrusão – um processo que transforma polímeros em fios - com resultados cada vez melhores na fabricação de roupas, como é o caso da camisa da seleção desta Copa de 2010. Outro exemplo menos convencional é o catalisador de veículos. Eu nunca tinha parado para pensar, mas os catalisadores possuem uma cerâmica interna que pode ser recondicionada e vale uma graninha. Estão pagando bem no quilo da sucata do catalisador. E os computadores e celulares? São produtos duráveis, mas que duram cada vez menos tempo. A tecnologia avança tão rápido que para nos mantermos atualizados trocamos de celular a cada ano, e de computadores no máximo em dois anos. Além de plástico, os eletrônicos são compostos por metais como silício, cobre, prata e ouro. Um estudo na Suécia indica que a cada tonelada de celular se extrai um quilo de prata e cerca de 300 gramas de outro, além de outros metais mais danosos ao meio ambiente como mercúrio, chumbo, cádmio e cromo.
   Ok, mas quem vai querer comprar uma tonelada de celulares velhos e extrair seu material? É uma tarefa um tanto quanto não convencional. E placas de computadores antigas? O que eu posso afirmar é que tem gente ganhando bastante dinheiro com isso. Trata-se de um trabalho que requer maquinário especial e mão de obra qualificada, sem dúvida é bem diferente do garimpo, mas o que importa é que resultado final é L U C R O. A Lorene (lorene.com.br ) é uma empresa que vive da sucata, comprando o material recolhido por terceiros, extraindo o que interessa, destinando corretamente o que não interessa e vendendo o produto final de volta às Indústrias. A Lorene é a indústria do futuro! Enquanto a extração do metal do meio-ambiente fica mais cara à medida que o seu acesso se torna mais restrito, extraí-lo de componentes eletrônicos, por sua vez, se torna mais barato à medida que se adquire o know-how necessário.
    E as baterias? Quando pensei nelas achei que não houvesse alternativas, este seria um lixo tóxico que teríamos que reservar um espaço no planeta. Assim como os metais de eletrônicos, as pilhas liberam metais pesados, contaminando o solo em proporções ainda maiores. A Suzaquim produz, de pilhas e baterias, sais e óxidos metálicos, a matéria prima de diversos segmentos tais como tintas, cerâmicas, química, metalúrgica, fundição entre outros. A empresa não se limita ao tratamento de pilhas e baterias, mas também de outros resíduos tóxicos, inclusive industriais. A lista de serviços é grande, vale à pena conferir no site da empresa.
    E qual o volume deste mercado? Com a falta de cultura no Brasil o quanto deste lixo é reaproveitado? E quem paga a conta para recolher todo este material? O custo do processo é recuperado no final? São perguntas pertinentes que parecem surtir como barreiras ao negócio da reciclagem. Mas ao que tudo indica quem fabrica, quem distribui e quem consome devem se preocupar com o destino do lixo. No final quem paga o preço é o consumidor, mas a conta é do fabricante, e deverá compor a lista de custos do produto. É verdade que a maioria das indústrias responsáveis só irá fazer algo a respeito quando obrigadas por lei, enquanto outras, por se preocuparem com o meio-ambiente ou simplesmente por enxergarem novas oportunidades de negócio na destinação dos resíduos, poderão até ganhar dinheiro com a sucata gerada. Em minha opinião isto deve acelerar o ritmo dos acontecimentos no mercado de reciclagem e tratamento de resíduos.
   Neste caso então o maior cliente de serviços de reciclagem e destinação de resíduos será o próprio produtor. As indústrias contratarão serviços de reciclagem de empresas como a Lorene ou a Suzanquim. Sendo assim os fabricantes de LCD na china contratarão empresas locais para o recolhimento, tratamento e posterior exportação do material para o fabricante, ou simplesmente comprarão a matéria-prima recondicionada. Se hoje o negócio da reciclagem já é lucrativo em alguns anos terá escala muito maior, gerando emprego e abrindo novas oportunidades no mercado.

Vale divulgar aqui outras ações que me chamaram a atenção:

O sucatas.com , um site de compra e vendas de sucatas já indica um mercado emergente no Brasil.

A organização Lixo Eletrônico, já bem conhecida pelos serviços que presta para a comunidade, um blog muito completo que trás detalhes sobre iniciativas de pessoas e empresas, ações publicas, riscos ao meio ambiente, pontos de coleta, etc. vale a pena conferir no endereço http://www.lixoeletronico.org .

A Descarte Certo vende serviços de retirada de e destinação de eletrônicos, inclusive os maiores como geladeiras e fogões, e cobram por isso. O curioso é que alguns supermercados já estão oferecendo o serviço de retirada aos clientes da loja, um serviço diferenciado para atrair novos consumidores. Qualquer estabelecimento pode contratar este serviço. Se eu vendo um eletrônico qualquer, posso oferecer este serviço de coleta para meus clientes.

Nos Estados Unidos a Earth911 é uma prestadora de serviços ao meio ambiente, uma empresa madura com 19 anos de mercado e uma referência mundial. A empresa presta serviços de educação ambiental às empresas e ao consumidor. Possui um localizador no site com o banco de dados completo dos pontos de coleta disponíveis em todo país. A empresa também vende serviços para a indústria e para o varejo incluindo a consultoria em comunicação visual e prestação de informação ao consumidor final, além de serviços de coleta e reciclagem fornecidos por parceiros. Trata-se de um em excelente canal cuja função é completar o ciclo da indústria. A imagem abaixo representa o ciclo produtivo e inclui, no final cadeia, empresas lucrativas ligadas à destinação e tratamento de resíduos.

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