É possível produzir sem agredir e alimentar sem devastar. A natureza tem as respostas que procuramos, o nosso papel é encontrá-las.

A SUSTENTABILIDADE COMO POSCIONAMENTO ESTRATÉGICO

A SUSTENTABILIDADE
COMO POSCIONAMENTO ESTRATÉGICO

  Você já parou para refletir sobre o significado da palavra sustentabilidade? Lembro do ex-presidente Lula, talvez o maior propagador do termo aqui no Brasil, utilizando a “economia sustentável” como uma economia “sólida” ou “auto-suficiente”, citando o petróleo produzido no Brasil, a bacia do pré-sal, ou uma economia sustentável por si só. Deixando a questão partidária de lado, e relevando ações do governo Lula na preservação da nossa floresta amazônica, o termo sustentável não foi empregado corretamente pelo presidente, o que gerou confusão entre muitas pessoas. O termo sustentabilidade tem como principal objetivo unificar desenvolvimentos econômico e social com a preservação ambiental.
  Vale ressaltar que o termo Desenvolvimento Sustentável começou a ser utilizado em 1962 e se referia a assuntos pertinentes as alterações observadas no meio ambiente. Em 1987, na Comissão Brundtland, a esfera social foi embutida no conceito de DS como “desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades.”
  Neste estudo, será feita uma análise das ferramentas estratégicas que a gestão sustentável introduziu no mercado, fazendo uma ligação direta entre Sustentabilidade Empresarial – ou o elo entre sistemas de gestão ambiental e responsabilidade social - e a competitividade no mercado. Inicialmente, serão conceituados os códigos voluntários de conduta, do termo em inglês VER (Voluntary Emission Reduction), que traduzem resultados positivos ao publico em geral. Em seguida, uma análise sobre oportunidades e benefícios que a sustentabilidade oferece as empresas.

BENEFÍCIOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

BENEFÍCIOS DO
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Não é preciso estar diretamente ligado ao setor para promover ações de responsabilidade ambiental. Um banco pode dar preferência a uma empresa que apresente indicadores positivos de gestão ambiental. Uma empresa de eventos pode exigir um selo “zero carbono” do expositor. Uma consultoria pode conscientizar a população sobre a importância da biodiversidade no país, e assim por diante. Mas, sem dúvida, são as indústrias que têm responsabilidades diretas com o meio ambiente. Estão na pauta da gestão ambiental temas como o uso de tecnologias ambientais, a melhoria no processo produtivo, o estudo do ciclo de vida do produto, a conquista de créditos de carbono, requisitos legais e os benefícios ficais.



Tecnologias Ambientais

São todas aquelas que envolvem a sustentabilidade no desenvolvimento de produtos, processos ou serviços. Podemos dividir a tecnologia ambiental em 3 grupos:
     Novas - São produtos e serviços concebidos devido a própria existência da sustentabilidade, ou seja, produtos e serviços ao dispor da sustentabilidade. Como, por exemplo, os serviços de coleta de lixo reciclável, móveis ou aparelhos eletrônicos. Ou as novas “extrativistas” que extraem o metal de componentes eletrônicos (1). Ou empresas recicladoras que reciclam o lixo plástico, químico ou metálico, como é o caso das empresas recicladoras de pilhas e bateria (2). Existem ainda empresas “recuperadoras” que recuperam um componente danificado, um eletrônico ou a peça de um veículo (3) e devolvem para o mercado, prolongando a vida útil de um material anteriormente descartado.
Melhoria – São produtos e serviços com comprometimento social ou ambiental em sua concepção. Qual seria a melhor forma de fornecer produtos ou serviços pré-existentes no mercado, reduzindo seu impacto ambiental? É bem comum a existência de melhorias significativas em países europeus. Por exemplo, o uso de material  degradável, de origem vegetal, na composição de produtos plásticos ou de borracha. Em processos de melhoria também é comum o uso de materiais reciclados ou recondicionados(4) já que são alternativas viáveis para a redução de impacto. Aplicações de melhorias são feitas através da análise do ciclo de vida de um produto, o que muitas vezes envolve a conscientização do consumidor final no uso e descarte do mesmo.
    Indiretas – Através de pesquisas feitas por laboratórios e universidades desenvolvido todo o aparato tecnológico para a execução de novos processos ou a criação de novos produtos. São elas denominadas de tecnologias indiretas, já que não possuem uma relação direta com o produto final, mas que podem ser úteis em sua concepção.


CONQUISTANDO MERCADOS COM O POSICIONAMENTO SUSTENTÁVEL

CONQUISTANDO MERCADOS COM O
POSICIONAMENTO SUSTENTÁVEL

Antes de pensar em ser sustentável é preciso pensar em mercado. Em nossas cabeças, que pensam em sustentabilidade 24 horas por dia, o assunto é muito comum e usual, mas para a grande maioria o significado é ainda pouco claro. Então é preciso procurar por oportunidades reais de negócio. Entender o mecanismo do mercado permite as empresas a dirigirem corretamente inovações ou novos produtos para um determinado segmento e perfil de cliente.



  Ser sustentável hoje é um diferencial competitivo. Em alguns casos aplicável a um público restrito, em outros já uma questão de sobrevivência. Novas indústrias estão surgindo, algumas estão se reposicionando, outras precisam melhorar seus produtos para novas demandas, outras simplesmente sumirão do mapa. Para ilustrar a idéia tome como exemplo a indústria de pilhas e baterias. O que será das pilhas em alguns anos e como a indústria está se preparando para reduzir os impactos de seus produtos no meio ambiente? Como garantir que as pilhas estão sendo corretamente destinadas? Não seria o momento de explorar o mercado de pilhas recarregáveis em um apelo a preservação ao meio ambiente? Ou seria ainda a oportunidade de explorar outras fontes como a energia solar, por exemplo? Se 80% do faturamento de sua empresa fosse proveniente de pilhas, você não estaria preocupado? 
  Enxergar novas oportunidades é fundamental na decisão de investimentos em tecnologias ambientais. Podemos também ilustrar as redes de supermercados com serviços de entrega. Os veículos utilizados poderiam ser substituídos por modelos elétricos, aparentemente um alto custo. Imagine, por exemplo, quantas motocicletas teriam que ser compradas para atender toda a rede do Pão de Açúcar? Olhando o lado financeiro, trata-se de um investimento inviável. Enxergando novas oportunidades, sabendo que existe mercado potencial para consumo de serviços de entrega a domicílio, não seria este um incentivo ao consumidor a optar mais por este tipo de serviço? Dá até para montar um slogan do tipo ‘entregamos em caixas de papelão e com motocicletas elétricas’. E, porque não, ir um pouco além? ‘Retiramos o seu lixo reciclável’. As motocicletas vão, entregam e voltam com o lixo reciclável. Interessante não é!? No final todo mundo saiu ganhando, inclusive o meio-ambiente.